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AC/DC (Wembley Stadium, Londres, Inglaterra) 26/06/2009

Esse era um dos shows que eu estava aguardando com mais ansiedade e posso garantir que Londres quase parou nessa sexta-feira. E olha que não era pela noticia da morte do Michael Jackson.
No hotel onde eu estava hospedado, logo no café da manha deu pra sacar que aquele seria um dia especial. Fãs de toda as idades e nacionalidades trajavam camisetas da atual tour do grupo e, em silêncio, faziam uma espécie de saudação entre eles. No metrô, durante todo aquele dia foi a mesma coisa, impressionante. Quando me dirigi em direção à longínqua estação Wembley Park do metrô, meu coração batia mais forte, depois de 13 anos eu estaria vendo o AC/DC novamente e dessa vez com a abertura do Thin Lizzy…

É muito difícil comparar esse show com o que assisti em 1996, no estádio do Pacaembú, em São Paulo. São outros tempos… Naquela ocasião vi o show das cadeiras numeradas e posso garantir que não existe ver show do AC/DC sentado. Então claro que agora eu iria me redimir perante os deuses do rock e iria partir pra guerra, lá no meio da galera. E essa guerra começou da forma mais bem sadia do mundo, com copos de cerveja voando por todo lado. Parecia que São Pedro estava mandando tonéis de Heiniken para todos nós, hilário! Outro ponto a favor desse show em função daquele de 1996: o disco que a banda estava promovendo em cada ocasião. Ballbreaker é muito legal, claro, mas Black Ice é um arraso e isso ficou claro quando milhares e milhares de pessoas cantaram letra por letra da faixa de abertura do show (“Rock n`Roll Train”) e de outras do mesmo disco apresentadas essa noite: “Anything Goes”, “Big Jack”, “Black Ice” e “War Machine”. Os minutos iam passando e infelizmente fiquei sabendo ali na hora que o Thin Lizzy havia cancelado sua apresentação. Claro, não existe Lizzy sem Lynott, mas seria uma “boa banda cover de luxo” para esquentar a festa. No lugar do Lizzy veio uma banda nova chamada The Subways. Meia boca…

A abertura do show do AC/DC merece ser descrita… No imenso telão que toma conta de todo o fundo do palco, uma animação totalmente sacana mostra o capeta Angus Young se deleitando com duas garotas numa locomotiva. Com a temperatura crescendo dentro da locomotiva, sons esmagadores da mesma ecoam nos PAs e deixam a moçada completamente insana, até que o telão racha no meio e a própria locomotiva invade o palco trazendo Angus em carne e osso, já mandando ver no riff de “Rock n` Roll Train”. Esmagador!
Logo depois temos “Hell Ain`t A Bad Place To Be” e sim, o inferno tão sonhado por Bon Scott era instaurado no Wembley, com várias garotas mostrando tudo o que tinham direito para aparecer no telão. Na sequência o grupo emenda “Back In Black” e “Big Jack”, outra do novo álbum.

Na pista, gente do mundo todo se abraçava e cantava junto, todos nós batizados pela cerveja que “o Pedrão jogava lá de cima”, sério, parecia cena de filme. “Dirty Deeds Done Dirt Cheap” tem sabor especial, pois foi com ela (e com um disco de mesmo nome) que o AC/DC chegou da Austrália e bombardeou Londres em 1976. “Shot Down In Flames”, “Thunderstruck”, “Black Ice” e “The Jack” também surgiram, essa última com o tradicional strip tease de Angus.

Na dobradinha “Hells Bells” e “Shoot To Thrill” brilha a figura tímida do maior guitarrista base da história do rock, Malcolm Young, o braço direito mais firmeza desse troço todo que a gente chama de rock. Com ele, Phil Rudd e Cliff Williams montam uma espécie de fortaleza sonora, por onde Angus e Brian Johnson passeiam com maestria.

Depois de mais duas do novo álbum (a pop “Anything Goes” e a pesadona “War Machine”) vem “You Shook Me All Night Long”, com a mulherada indo ao delírio.
“T.N.T.” contou com o coro afiado da galera e em “Whole Lotta Rosie” (com a “gordona inflável” sentada na locomotiva), o que já estava sendo apresentado de forma empolgante ganhou ares de violência pura. Impressionante!

Depois de toda aquela catarse sonora, Angus e os rapazes ainda tiveram gás de emendar os quase vinte minutos de “Let There Be Rock”, o hino. Durante a canção, cheguei à conclusão de que todos estávamos sendo batizados e de que um show do AC/DC só pode ser algo espiritual. A energia que Angus Young emana de seu minúsculo corpo envolve as milhares de pessoas do estádio de forma assustadora. No meio do gramado ele ressurge do nada e sola sua SG como se tivesse novamente 18 anos de idade. Se joga no chão e uma chuva de papéis picados explode pra cima da galera. Contra a luz, é possível ver a cachoeira de suor que pula do corpo do guitarrista. Como pode um cara de 54 anos de idade fazer isso? Pois é, isso eu estou me perguntando até agora…

Não é a toa que os ingressos para esse show estavam esgotados desde janeiro. Foi uma loucura conseguir um ticket, mesmo com certa antecedência.
Pelo que vi no Wembley, e em Londres nesse dia, posso garantir sem medo que em pleno ano de 2009 o AC/DC é a maior banda de rock do mundo.

Depois de uma breve pausa a banda ressurge com “Highway To Hell” e “For Those About To Rock (We Salute You)”, com a tradicional salva de tiros de canhão homenageando todos nós que estávamos ali celebrando na verdade um estilo de vida.
High Voltage Rock n` Roll!



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